"Orgulho, preconceito, intolerância, pavio curto... essas coisas que nos impedem de descobrir o que há de melhor em nós,o que há melhor no outro, o que há de melhor na vida." J. R. Lima.
“De que maneira você responde às
respostas que a vida te dá?” Comecei perguntando assim para aquela plateia
curiosa. Percebi que quase ninguém entendeu. Reforcei que uma das grandes
questões da vida é como reagimos, ou respondemos, às respostas que a vida
concede às nossas buscas e expectativas. Notei que ainda havia gente boiando. “Há
pessoas que respondem positivamente a uma resposta negativa. Outras respondem
negativamente a uma resposta positiva. E ainda outros são negativos em todos os
sentidos. (Não que as pessoas sejam determinantemente assim, elas podem mudar,
tanto é que me propus pregar esta mensagem).
Ao perceber que não conseguiria ser
entendido por meio de frases e conceitos, expliquei com dois casos extraídos da
Bíblia. O primeiro é o caso de Naamã (2 Rs 5). Era um general do rei da Síria que,
apesar de todas as suas condecorações, era leproso. Um dia disseram a ele que
se fosse até a presença do profeta Eliseu, em Samaria, este o curaria de sua
lepra. Prontamente Naamã se paramentou com tudo o que precisava para a viagem,
inclusive com presentes caros para o profeta, e partiu. Estava disposto a
qualquer sacrifício pela cura.
Estava ainda a uma distância
considerável da casa de Eliseu, quando, sabendo que Naamã estava vindo, o profeta mandou dizer-lhe
que nem precisava chegar à sua casa, apenas fosse ao rio Jordão e mergulhasse
sete vezes. “Nossa, não pensei que fosse tão fácil assim”, Naamã poderia ter pensado.
Mas, pelo contrário, se encheu de furor, pois pensou que o profeta estava de
brincadeira com ele e resmungou que lá na Síria tinha rios mais limpos que o
Jordão. E começou a voltar para casa.
Pense comigo: a gente até entende a
perplexidade de Naamã, não sou tão simplório a ponto de não entender, mas que o
profeta facilitou muito a vida dele, disso a gente não pode discordar. Então, a
sua perplexidade o levou a responder de maneira altamente negativa a uma
resposta que parece ter sido positiva da parte do profeta.
Neste mesmo caso aparece o servo de Naamã. Já de volta, decepcionado pelo caminho, o general leproso ouve o servo pedindo a oportunidade de falar-lhe. Concedida a oportunidade, disse-lhe: “Meu senhor, se o profeta tivesse pedido alguma coisa extremamente difícil, o senhor não faria para se ver livre desse mal?” Ao ouvir um sim de Naamã, o servo continuou: “Então, ele apenas ordenou que o senhor mergulhasse no Jordão sete vezes, custa tentar?” Ainda bem que Naamã ouviu o conselho. Voltou curado para casa.
Note que o servo de Naamã respondeu
de forma altamente positiva à mesma resposta que o general respondeu de forma
negativa. A retribuição foi a cura de seu senhor, além de algumas benesses que
recebeu posteriormente, é claro.
A esta altura, as pessoas já estavam
entendendo. Continuei então. O segundo caso, narrado também na Bíblia, é o de
Ana (1 Sm 1). O grande sonho de sua vida era ser mãe, mas era estéril. Em um dia de
culto, desceu à igreja e começou, em grande amargura, a tão somente balbuciar
uma oração, de maneira incompreensível. O sacerdote Eli aproximou-se e,
interpretando-a mal, ordenou estupidamente que ela parasse de entrar no culto
bêbada. “Estúpido, desviado”, xingariam alguns crentes. Bem que Eli merecia.
Mas Ana respondeu: “Não, meu senhor, a tua serva não está bêbada, ela apenas
está falando da angústia de sua alma perante o Senhor”.
Note a reação altamente positiva de
Ana a uma atitude tão negativa, mortífera, do sacerdote. Ela viu agora a
oportunidade não só de falar a Deus, mas também ao sacerdote, em um momento
propício a causar forte comoção neste. Ainda bem que Eli corrigiu a tempo. Ele
disse: “Vá em paz, e o Deus de Israel te conceda a petição”. Poucos dias depois,
Ana apareceu grávida. A resposta altamente positiva de Ana a uma resposta
altamente negativa do sacerdote eliciou neste último outra resposta altamente
positiva.
Acho que a gente poderia construir
com isso uma fórmula matemática para vida. Porque se a gente quiser, de falto,
alcançar alguns objetivos que traçamos para vida, precisamos agora nos despir do
orgulho, intolerância e pavio curto e ir com muita humildade e persistência ao
objeto de nosso desejo.
O povo estava começando a gostar do
assunto. Então repetimos: Uma das grandes questões da vida é como respondemos
às respostas que a vida nos dá.
Os exemplos e personagens que
apresentamos acima são apenas amadores, aspirantes, que abrem o show para o
grande referencial no assunto tratado. Falo da mulher cananeia (Mt 15). Aquela que tinha uma filha terrivelmente endemoniada
e foi buscar Jesus. Vou contar sobre ela
em breve.
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