Vinde,
e tornemos ao SENHOR, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a
ferida. Depois de dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará,
e viveremos diante dele. Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor;
a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva
serôdia que rega a terra (Os 6.1-3).
INTRODUÇÃO
Oseias começou a profetizar nos últimos anos do reinado de Jeroboão II e terminou no começo do governo do rei Ezequias. Foi o único profeta do Reino do Norte que teve sua profecia escrita e o último profeta deste reino.
Foi uma época de instabilidade política, crise social e religiosa, Israel desceu aos mais baixos níveis de corrupção moral e espiritual: adoração profana dos cananeus, edificou imagens de escultura e fundição, queimou suas crianças nas chamas do baalismo e lançou-se na abominável prática da prostituição cultual. É nessa conjuntura que Deus levanta o profeta Oseias para mostrar o quanto Deus ama o seu povo, apesar de sua rebeldia e obstinação.
O
Reino do Norte reino durou 253 anos, 09 dinastias, 19 reis. Nenhum deles foi piedoso
e a maioria teve morte violenta.
I.
A doença espiritual de Israel
Em
todo o volume do livro de Oseias, encontram-se espalhados os sintomas que
caracterizam a morbidade espiritual da nação, os quais estão ajuntados a
seguir.
Sintomas:
►Esquecimento
de Deus (2.13). Tem sempre um substituto para ele.
►Falta
de conhecimento (4.1).
►Falta
de verdade (4.1).
►Incontinência
(o vinho, o mosto) tirava a inteligência (4.11).
►Indiferença.
►Simpatia
por sacrifício e holocausto em lugar de juízo e misericórdia (6.6).
►Os
reis e príncipes tinham programado os ouvidos para se alegrarem com a mentira dos
súditos (7.3).
►Ingenuidade,
pomba enganada, sem entendimento (7.11).
►Dá
fruto para si mesmo (10.1).
►Ingratidão
(11.1).
Todavia,
não obstantes os sintomas supracitados sejam graves, o pior de tudo era o não reconhecimento
da doença por parte de Israel (Israel era orgulhoso). Comparando-se com Judá,
esta nação irmã tinha lampejos de arrependimento que redundaram em algumas
reformas espirituais. Mas Israel adoeceu de maneira irreversível. Seu orgulho o fazia entender que estava tudo
bem. Estavam como a igreja de Laodiceia: achavam que estavam ricos, fartos, e
que podiam prescindir dos cuidados de Deus (Ap 3.22).
II.
Iniciativa divina de sarar Israel. Alguém
já comentou que no livro de Jó Deus parece assentado no banco de réus; em
Oseias ele aparece no divã, olhando para Israel e perguntando: “Como pode?”
Ele
está clinicando a chaga moral e espiritual de Israel e colhendo nenhum
resultado. Ele usa inicialmente três métodos de despertamento de consciência:
1. Deus verbaliza a situação de Israel. Advertência por meio da palavra falada, o ministério dos profetas. Mas quando se está com a consciência cauterizada, não adianta a eloquência do sermão, todas as palavras bonitas se perdem ao vento.
2. Deus dramatiza para chamar a atenção Israel. O casamento de Oseias com uma mulher da vida duvidosa, por ordem divina, é um retrato da gravidade da situação. Essa mulher, após ter se casado com o profeta, comete infidelidade conjugal indo após seus amantes. Da mesma forma, Yahweh estava se sentido como um marido traído. Parece uma ilustração melodramática? Pode ser. Mas Deus queria chamar a atenção do seu povo. Mas a insensibilidade de Israel não lhe permitia ser atraído por este gesto impressionante de amor divino.
3. A disciplina corretiva. Israel seria duramente punido pela sua rebelião contumaz. Seus filhos seriam levados como cativos para a Assíria de onde nunca mais voltariam, e onde seriam definitivamente curados da idolatria. A disciplina aparece ilustrada nos nomes dos três filhos de Oseias com sua mulher infiel.
Jezreel – Deus espalhará. Israel espalhado entre as nações.
Ló
Ruama – Não compadecida. Cessou o tempo da compaixão, o
castigo já estava determinado.
Ló
Ami
– Não meu povo. Aquela nação fora rejeitada por causa da obstinação na
idolatria.
III.
Yahweh é o restaurador de seu povo (Os 6).
1.
Um último e desesperado apelo para que Israel volte ao Senhor.
“Vinde
e tornemos para o Senhor” (6.1). A princípio, uma
excelente decisão, o que tem conexão com o versículo 15 do capítulo anterior:
“Então voltarei ao meu lugar até que eles admitam sua culpa. E eles
buscarão a minha face; em sua necessidade eles me buscarão ansiosamente” (5.15).
Trata-se, ao que tudo indica, de um apelo do profeta, ao qual o povo não
atenderá. Mas a verdade gritante do texto é que a cura só começa com um retorno
ao curador e que somente o Senhor pode restaurar o seu povo.
2.
O médico que fere para curar.
Porque ele despedaçou e
nos sarará; fez a ferida e a ligará. Deus é soberano
e vai trazer seu povo a si ainda que use, se preciso, o remédio mais amargo. Ele
não desiste. Por isso, entendemos que Ele tem objetivos mesmo nas feridas
abertas naquelas que são objetos de seu amor. Mesmo quando Ele fere, faz por
amor.A reflexão nos leva aos seguinte enunciados:
►Deus é médico de corpo, de alma de espírito. O salmista diz que ele conhece a nossa estrutura... (Sl 103.14). Ele é o Senhor que sara (Ex 15. 26), de todas as enfermidades.
►A
cura começa com a manifestação de sintomas e termina com um retorno ao curador.
Então é Deus quem começa. Como posto por Jó, é ele quem abre a ferida, mas ele mesmo a trata; ele fere, mas com suas próprias
mãos pode curar (Jó 5.18).
►Uma pessoa ou nação nunca mais será a mesma após ter uma ferida aberta e fechada pela mão de Deus. Ele
mexe nas entranhas.
►Deus,
às vezes, tem uma maneira peculiar e paradoxal de curar: ele sara ferindo. A lição primordial aqui é que Deus fere para
curar. Como diria um pensador: “O caminho da cura pode ser a doença”.
3.
Um tempo para a cura acontecer. Depois de
dois dias nos dará vida; ao terceiro dia nos ressuscitará e viveremos diante
dele [...]. Somente depois de manifestados os
sintomas, forçado um arrependimento, sarada a ferida, Ele nos dará vida, e só
assim... Conheçamos e prossigamos em
conhecer ao Senhor.
4.
O conhecimento de Deus como resultado da cura
Não
se trata de um conhecimento técnico e intelectual, é conhecimento experimental. Tem a ver com comunhão, fé, obediência e
adoração. A falta de conhecimento denunciada pelo profeta significa falta de
fidelidade e de temor a Deus.
5.
A fidelidade de Deus (v. 3). “Como a alva será a sua
saída, e Ele a nós virá como a chuva serôdia que rega a terra. Tão certo como a
aurora anuncia a chegada de um novo dia, assim sairá Yahweh para restaurar o
seu povo”.
CONCLUSÃO
Oseias
nos ensina que a fidelidade de Deus é sempre maior que a capacidade do homem de
pecar. Que o Senhor restaura o seu povo, ainda que tenha que usar o remédio
mais amargo. Ele faz por amor. “Ele despedaça e sara, faz a ferida e a ligará”.
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