Josafá R. Lima
Em resposta aos irmãos que quiseram saber se podiam participar de festas de pessoas de outras religiões e se deveriam comer as comidas de natureza e origem duvidosas.
A partir do versículo 14 (cap 10), o apóstolo dos gentios volta à questão da carne sacrificada aos ídolos, advertindo de forma séria os crentes sobre o perigo da idolatria. Ele faz uma comparação entre a comunhão dos santos com Cristo, mediante a Santa Ceia, e a comunhão dos pagãos com os demônios, mediante os rituais de sacrifício aos ídolos, considerando que, assim como a nossa participação na Mesa do Senhor implica em nossa comunhão no corpo e no sangue de Cristo, a participação deliberada dos pagãos nas festas idólatras implicava em sua comunhão com os demônios, os quais, segundo o mesmo apóstolo, estavam por trás de todo o sistema de sacrifício pagão (v 20). Paulo fecha esta advertência, observando que não se pode beber o cálice do Senhor e dos demônios, ou então, não se pode participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios (v 21). Como dissera o Mestre: “Não se pode servir a Deus e a Mamom” (Mt 6.24).
É por isso que, antes de Israel entrar em Canaã, O Senhor Deus lhe fez sérias advertências para que não se associassem àqueles povos (Ex 20.3-5; 22.20; 23.24,32). Mas o fascínio dos cultos idólatras penetrava profundamente no coração dos hebreus e estes se prostituíram nas festas depravadas daqueles povos (Jz 2.7-13; Ex 32.8). Devemos, portanto, tomar cuidado, pois qualquer aproximação pode representar uma ameaça. Vale a advertência do apóstolo: “Pelo que saí do meio deles...” (2 Co 617).
A idolatria do coração. O coração humano tem uma propensão natural para a
idolatria. Estudos antropológicos confirmam essa assertiva. Por isso que o
Senhor Deus foi taxativo na advertência ao seu povo: “Eu sou o Senhor, teu Deus
(...), não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20.2,3). É uma advertência
que vale para os crentes de todos os tempos, e permeia toda a Bíblia Sagrada.
No concílio de Jerusalém, Tiago advertiu que os crentes se guardassem das
coisas sacrificadas aos ídolos (At 15.29) e Paulo vai perguntar aos crentes de
Corinto: “Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?” (2 Co 6.16).
Considerando-se que o homem ainda é o mesmo - veste-se de forma diferente, fala
uma língua diferente, tem costumes e hábitos diferentes, mas em seu coração ele
ainda é o mesmo. É por isso que a Bíblia fala aos homens de todos os tempos. Os
antigos divinizavam suas paixões e as transformavam em ídolos. Baco era o Deus
do vinho, Vênus e Afrodite eram deusas do amor, Marte era o Deus da guerra.
Hoje, a imagem de Baco foi superada, mas os homens continuam dominados pelo
vício; a imagem de Vênus e Afrodite foram superadas, mas os homens continuam
dominados por paixões infames; a imagem de Marte já não existe, mas os homens,
em sua ambição desenfreada, continuam promovendo a guerra. Sim, os deuses da
antiguidade continuam por aqui, de forma disfarçada, até porque eles não têm
significado em si mesmos, mas são a materialização das paixões e desvarios
humanos.
Em resposta aos irmãos que quiseram saber se podiam participar de festas de pessoas de outras religiões e se deveriam comer as comidas de natureza e origem duvidosas.
“As coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios” (1 Co 10.20).
Entre os vários problemas que dividiam a igreja de
Corinto estava a questão das coisas sacrificadas aos ídolos. Havia muitas
controvérsias entre os irmãos daquela igreja, formada por judeus e gentios,
sobre se era ou não correto participar das refeições nas festas pagãs, ou então
comer a carne que, antes de ser posta à venda no açougue, passava pelas
cerimônias religiosas dos pagãos como oferta aos seus deuses. A fim de dirimir
as dúvidas concernentes a este assunto, a liderança daquela igreja comunica a
situação ao apóstolo Paulo através de uma carta e lhe pede instrução. O
apóstolo dos gentios vai esclarecer as dúvidas dos irmãos nos capítulos oito e
dez de sua primeira epístola àquela igreja, o que é o assunto de nossa avaliação e apreciação neste texto. Objetivamos explicar o ensino bíblico sobre os ídolos, descrever os
costumes pagãos da época e admoestar os santos a se guardarem da idolatria e
das festividades pagãs.
1. CONCEITUAÇÃO DE “ÍDOLO”
O termo grego para “ídolo” é eidõlon e
significa primariamente fantasma ou semelhança, ideia ou imaginação. O emprego de eidõlon no Novo Testamento denota uma imagem que
representa um falso deus (At 17.41; 1 Co 12.2) ou o falso deus adorado numa
imagem (At 15.20; Rm 2.22). Os vocábulos hebraicos correspondentes são ’elîl
(vaidade, futilidade, coisa de nada - Lv 19.4; Jr 14.22; 18.15), teraphin
(ídolo, ídolo do lar, máscara cultual, demônio, símbolo divino – Gn 31.19; 1 Sm
19.13; Jz 17.15), gillûlîm (ídolos, originalmente tem o significado de
“pelota de esterco” – Lv 26.30). Sendo assim, o que para os pagãos era uma divindade, para Paulo significava uma coisa vã (At 14.15), nada no mundo (1 Co 8.4; 10.19) e
objeto de sarcasmo para Isaías (Is 44.9-20), Habacuque (Hc 2.18,19) e o
salmista (Sl 115.4-8).
No uso comum, a palavra ídolo significa (1) estátua,
figura ou imagem que representa uma divindade e que é objeto de adoração; (2) Objeto de grande amor ou de extraordinário respeito; (3) pessoa a quem se
dedica grande adoração ou admiração. Teologicamente, qualquer objeto, pessoa,
instituição ou ambição que tome o lugar devido a Deus no coração humano é um
ídolo.
No Antigo Testamento, os ídolos ou deuses das nações pagãs eram abundantes e representavam
uma ameaça constante à pureza e santidade do povo de Deus. Numa época
predominantemente mitológica, quando tudo o que acontecia tinha uma
justificativa na vontade dos deuses, cada nação pagã tinha o seu panteão,
deuses pra tudo quanto era gosto, os quais eram representados por imagens. Entre
os mais conhecidos, estavam Astarote - deusa dos fenícios (Jz 2.13), Baal –
deus das tribos cananeias (1 Rs 16.32), Baal Peor, Moloque e Camos – deuses dos
moabitas (Js 22.17), Dagom – deus dos filisteus (Jz 16.23). Além desses deuses
patronos das nações, havia outros objetos de adoração, como o bezerro de ouro
feito por Arão (Ex 32.4), o bezerro de ouro de Jeroboão (1 Rs 12.28), os corpos
celestes (Dt 4.19) e os terafins (Gn 31.19). A adoração a essas divindades envolvia um sangrento sistema de sacrifícios realizados nos altares
e templos idólatras (1 Sm 5.2; 1 Rs 16.32), nos lugares altos e nos
postes-ídolos (Nm 22.41; Dt 12.2).
No Novo Testamento, os ídolos não representavam mais um laço para os judeus, cristãos ou
não, pois estes foram totalmente libertos da propensão à idolatria no histórico Cativeiro
babilônico (ver Is 2.18; 31.7). A preocupação eram os gentios recém-convertidos
á fé cristã. Nos dias de Paulo, o ambiente não era menos idólatra que os dias
do Antigo Testamento. Os gregos tinham um vasto panteão, com deuses que
representavam as mais diversas paixões humanas. Os romanos por sua vez, ao
conquistarem o mundo de então, adotaram muitas das divindades gregas, às quais
prestavam cultos e sacrifícios naqueles dias. Benjamim Scott (1923) relata que,
com as suas armas, Roma levava seus deuses a outras nações e promovia-lhes
cultos e, por conveniência política, adotava deuses de nações conquistadas e os
agregava ao seu panteão. Prestava-se culto aos deuses que habitavam o monte
Olimpo - Júpiter, Marte, Mercúrio, Netuno, Baco, Vulcano, Juno, Vênus e outros
que eram os advogados da guerra, do roubo, do deboche e da embriaguez.
Adorava-se a reis divinizados juntamente com deuses estrangeiros, bem como a
semideuses que presidiam a países, cidades, rios, estações e colheitas. Todo
este sistema idólatra era irrigado pelo sangue de incontáveis sacrifícios, de
sorte que era difícil desassociar a carne que se comprava no açougue dos
sacrifícios dedicados aos deuses.
É de suma importância atentar para o fato de que os gentios crentes
vinham de uma história longa de envolvimento com muitas dessas divindades, como
também uma forte identificação com os cultos prestados a elas. Por isso, na
assembléia de Jerusalém, ficou decidido que os crentes deveriam abster-se da carne sacrificada aos ídolos.
II. O PANO DE FUNDO DA QUESTÃO EM CORÍNTIO
O antigo sistema de sacrifício era o centro da vida
doméstica, social e religiosa do império greco-romano do primeiro século. Os sacrifícios cruentos, oferecidos indiscriminadamente a uma
multidão de ídolos, eram normalmente acompanhados de uma cerimônia religiosa,
quando o alimento que sobrava dos sacrifícios eram consumidos em casa ou no
templo. Boa parte, porém, era enviada ao mercado para ser vendida, conforme
podemos constatar em 1 Co 10.25. De acordo com o Novo Dicionário da Bíblia
(1962, p 733), era comum, naquela época, pessoas convidarem amigos e parentes
para refeições, tanto no templo como em casa particular. Não era algo que acontecia esporádica e
isoladamente, ou mesmo que fosse privativo da vida religiosa, era uma cultura
geral, até porque a religiosidade era o ponto central das sociedades antigas.
Tais aspectos da vida social representavam três grandes desafios para os novos
crentes, sendo o primeiro o fato de, como cidadãos, terem amigos e parentes que
também os convidavam em algumas ocasiões para as festas e refeições, tanto em
suas casas como em locais públicos. E a frequência aos festivais públicos,
inaugurados com adorações e sacrifícios pagãos, significava muito na situação socioeconômica do indivíduo. Todavia, aceitar
tais convites significava “sentar à mesa, em templo de ídolos” (Co 8.10).
O segundo desafio para os crentes meditativos de
Corinto era que, não só o participar das festas pagãs, mas até mesmo as compras
diárias no mercado constituía-se em um problema, uma vez que muito da carne
posta à venda poderia ter passado pelas mãos dos sacerdotes dos templos para as
mãos dos açougueiros. E o pior: normalmente era a melhor carne posta à venda,
visto que vinha de animais sem defeito, uma exigência do sistema de sacrifício.
E isso propiciou o levantamento da questão, entre os cristãos, sobre se a dona
de casa crente tinha a liberdade de comprar tal carne.
O terceiro desafio era a questão dos pobres, para quem
os banquetes gratuitos, oferecidos nos recintos dos templos, eram a tábua de
salvação. Sendo a igreja de Corinto constituída por pessoas das mais diversas
classes sociais (1 Co 1.26), ricos e pobre, gentios e judeus, imagine as
controvérsias que essa situação deve ter causado.
Dois grupos, duas opiniões. A questão da carne oferecida aos ídolos dividia a igreja
de Corinto em dois grupos: o primeiro era o grupo “forte”, cujos crentes
apresentavam a liberdade cristã (6.12; 10.23; cf 8.9) e um suposto conhecimento
superior sobre os ídolos (8.12) para defenderem a idéia de que não havia nenhum
mal na aceitação de um convite para participar de uma refeição religiosa, muito
menos no fato de o alimento, anteriormente dedicado no templo, ser comprado e
consumido. Alegavam ainda que a refeição tomada no recinto do templo não
passava de uma ocasião social e, para eles, não tinha nenhuma significação
religiosa. Outrossim, parece que era expressão corrente entre eles – o que
reforçava sua posição - que “o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo, e que não
há senão um só Deus”, conforme podemos ver no cap 8.4 (esta citação de Paulo
parece ter sido tirada da própria carta que os coríntios lhe enviaram).
O segundo era o grupo “fraco” (8.9; ver Rm 15.1), que
se opunha terminantemente ao primeiro. Aborreciam qualquer suspeita de
idolatria e acreditavam que por trás dos ídolos estavam os demônios, os quais
exerciam influência maligna sobre os alimentos, e assim os contaminavam,
tornando-os impróprios para o consumo (8.7; ver At 10.14). Parece mesmo que
alguns chegavam, em seu escrúpulo, até a ponto de dizer que não era próprio
comer nenhuma carne, para se evitar qualquer risco de comê-la contaminada (cf
Rm 14.2,3).
Paulo responde às questões. Paulo, em sua resposta, lembra-lhes que existe somente
um Deus verdadeiro, e que, portanto, o ídolo nada é no mundo. Porém ressalta
que existem os chamados deuses e senhores que exercem influência demoníaca no
mundo, mormente sobre o sistema de sacrifício pagão. Para nós, todavia, que
reconhecemos o único Deus, nosso único Senhor, o poder desses demônios foi
eliminado pela cruz de Cristo; sendo assim, não haveria razão para os coríntios
continuarem escravizados pelos mesmos (cf Cl 2.15, 16; Gl 4.3,8,9). O apóstolo
afirma ainda que o manjar, em si mesmo, não representa mal algum, seja lá de
que procedência for: “se comemos, nada temos de mais, e, se não comemos, nada
nos falta” (8.8), o que ratifica as palavras de Jesus, segundo quem “o que
contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o
que contamina o homem” (Mt 15.11). É sabido, porém, que boa parte dos crentes
de Corinto desconheciam a liberdade que há em Cristo, e tinham consciências fracas,
que não deviam ser ultrajadas por ações imprudentes dos outros crentes que
viviam a liberdade do evangelho. Então Paulo não vai responder às perguntas dos
crentes de Corinto usando como critério a legalidade ou não do ato, mas baseado
na lei do amor e abnegação. Conforme comentário da Bíblia de
estudo pentecostal, “abnegação significa limitar nossa própria liberdade e
deixar de lado todas as atividades questionáveis, a fim de não ofender ou
enfraquecer as convicções sinceras de outros cristãos que se consideram firmados
em princípios bíblicos” (p 1747, nota: 18.1). Este princípio deveria nortear os
cristãos de todos os tempos, ser aplicado em qualquer atividade que seja
questionável e possa levar outros crentes a pecarem e arruinarem sua vida. E
isso implica dizer que, apesar de sermos livres, temos o dever de usar a nossa
liberdade com responsabilidade. “Mas vede que essa liberdade não seja de alguma
maneira escândalo para os fracos” (8.9).
Nos capítulos nove e dez da carta em apreço, Paulo apresenta
dois exemplos eloqüentes, um positivo e outro negativo, para em seguida retomar
o assunto da carne sacrificada aos ídolos (10.14). Primeiro ele se apresenta
como exemplo de abnegação, pois abriu mão de seus direitos pessoais de apóstolo
para não pôr impedimento ao progresso do evangelho (9. 12), como também abriu
mão da própria liberdade em consideração às convicções dos outros (ver Rm
14.15-21), para ganhá-los para Cristo: “Porque, sendo livre para com todos,
fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais...” (v 19ss). No segundo caso, ele
cita o povo de Israel como exemplo negativo, o qual, por entrar pelo caminho da
idolatria, pereceu no deserto (10.1ss). Após citar esses dois exemplos, Paulo
arremata dizendo que tudo isso foi deixado para aviso nosso (10.11).
A partir do versículo 14 (cap 10), o apóstolo dos gentios volta à questão da carne sacrificada aos ídolos, advertindo de forma séria os crentes sobre o perigo da idolatria. Ele faz uma comparação entre a comunhão dos santos com Cristo, mediante a Santa Ceia, e a comunhão dos pagãos com os demônios, mediante os rituais de sacrifício aos ídolos, considerando que, assim como a nossa participação na Mesa do Senhor implica em nossa comunhão no corpo e no sangue de Cristo, a participação deliberada dos pagãos nas festas idólatras implicava em sua comunhão com os demônios, os quais, segundo o mesmo apóstolo, estavam por trás de todo o sistema de sacrifício pagão (v 20). Paulo fecha esta advertência, observando que não se pode beber o cálice do Senhor e dos demônios, ou então, não se pode participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios (v 21). Como dissera o Mestre: “Não se pode servir a Deus e a Mamom” (Mt 6.24).
Com base nas proposições acima, Paulo proíbe
terminantemente os crentes de Corinto de freqüentarem os banquetes idólatras:
“não quero que sejais participantes com os demônios” (v 20).
No tocante ao alimento anteriormente oferecido no
templo e depois posto à venda, Paulo se vale de outro postulado para responder
aos coríntios. Ele recorre ao salmo 24 para dizer que a terra é do Senhor e
toda a sua plenitude. Por isso todo o alimento dedicado no templo e,
posteriormente, posto à venda no mercado, podia ser livremente comido em
virtude de ser criação de Deus (ver 1 Tm 4.4,5). O conselho de Paulo parece
diferir ligeiramente das regras cerimoniais rabínicas, como também do conselho
apostólico em At 15.28,29, e se traduz numa aplicação prática da instrução dada
por Jesus em Mc 7.19, 20: “Não compreendeis que tudo que de fora entra no homem
não o pode contaminar, porque não entra no seu coração, mas no ventre, e é
lançado fora, ficando pura todas as comidas?”
Todavia, a liberdade para comer de tudo, segundo a
instrução de Paulo, deve ser delineada pela lei do amor. Isso significa
que a própria liberdade do crente para consumir qualquer alimento deve ser
posta de lado se a consciência de um irmão mais fraco, por esse motivo, correr
o risco de ficar danificada e assim ser levado a tropeçar (10.32. Parece ter
sido esse o motivo da proibição no concílio de Jerusalém, conforme At
15.28,29). Essa advertência se insere apenas na situação de um crente ser
convidado para participar de uma refeição idólatra em uma casa particular.
Neste caso, o crente pode comer de tudo o que se puser sobre a mesa sem,
todavia, perguntar qual a procedência do alimento (10.27). Entretanto, se algum
indivíduo pagão comunicar ao crente que o alimento sobre a mesa foi oferecido
em sacrifício, deve ser imediatamente rejeitado, não porque esteja contaminado
e vá causar algum mal ao consumidor, mas porque, caso coma, o crente confundirá
a consciência dos outros, porá tropeço em seu caminho e causará escândalo
(10.28,32). Veja o comentário da Bíblia de estudo pentecostal sobre o dever do
amor.
Aqueles que baseiam seu direito de participar das
coisas duvidosas conforme o seu conhecimento ou entendimento amadurecido
demonstram que, na realidade, nada sabem como convém saber. Nosso conhecimento
nessa vida é sempre completo e imperfeito. Por isso nossas ações devem sempre
basear-se primeiramente no amor a Deus e ao próximo. Se o amor for o nosso
elemento determinante, recusaremos participar de qualquer atividade que possa
fazer um único crente tropeçar e caminhar para a sua ruína eterna. Aqueles que
vivem segundo a lei do amor são os conhecidos por Ele [Deus] (1 Co 8.3). “O
Senhor conhece os que são seus” (2 Tm 2.19 [página 1747; nota de 8.2]).
III. O CRISTÃO E AS FESTIVIDADES RELIGIOSAS PAGÃS
As festas pagãs. As festas na antiguidade tinham uma conotação puramente religiosa. Na
verdade, eram cultos constituídos dos mais depravados elementos, entre eles os
sacrifícios e a prostituição “sagrada”. Nos templos dos antigos cananeus,
praticava-se a “adoração do sexo degradante” e o sacrifício de crianças. Os
seus templos eram lugar de encontro para a depravação. Veja uma descrição dos
elementos do culto cananeu, feita pelo arqueólogo W. F. Albright.
Em país algum se encontrou um número tão elevado de
estatuetas de divindades da fertilidade nuas, sendo algumas particularmente
obscenas. Em nenhum lugar, o culto de serpentes aparece tão fortemente. As duas
deusas, Astarote e Anate, são chamadas de as grandes deusas que concebem, mas
não dão à luz! Prostitutas sagradas e sacerdotes eunucos eram extremamente
comuns. O sacrifício humano era notório [...] os aspectos eróticos de seu culto
devem ter penetrado nas mais sórdidas profundezas da depravação social.[1]
As práticas festivas dos cananeus não eram diferentes
dos outros povos. O Egito, a Fenícia, os gregos e romanos também praticavam a
“prostituição sagrada”, onde o homossexualismo era muito comum. Lembremos o
templo de Afrodite em Corinto, onde mil sacerdotisas prostitutas ofereciam
religiosamente seus corpos à luxúria e aos demônios.
É por isso que, antes de Israel entrar em Canaã, O Senhor Deus lhe fez sérias advertências para que não se associassem àqueles povos (Ex 20.3-5; 22.20; 23.24,32). Mas o fascínio dos cultos idólatras penetrava profundamente no coração dos hebreus e estes se prostituíram nas festas depravadas daqueles povos (Jz 2.7-13; Ex 32.8). Devemos, portanto, tomar cuidado, pois qualquer aproximação pode representar uma ameaça. Vale a advertência do apóstolo: “Pelo que saí do meio deles...” (2 Co 617).
Mamom era o deus do dinheiro (ver Mt 6.24). A imagem
de Mamom foi superada, mas a busca pelo lucro nunca foi tão forte como dos dias
hodiernos. O dinheiro é, sem dúvida, o grande ídolo de nossa sociedade
capitalista. Lembro-me de um presidente norte-americano que ganhou a eleição
com o seguinte slogan: “É a economia, estúpido”. A frase do presidente, muito
pertinente para o objetivo de se ganhar uma eleição, é muito apropriada para os
nossos dias. Não são as pessoas, os valores, a dignidade: é o lucro; tudo gira
em torno disso. Não estamos falando mal
do dinheiro, mas do amor a ele que, segundo Paulo, é a raiz de todos os males
(1 Tm 6.10).
Baal Peor era o deus dos pecados sexuais (Ver Nm
25.1,2; Ap 2.14.17). A imagem de Baal Peor foi superada, mas os homens
continuam dominados pela busca de todos os tipos de prazeres, principalmente os
de ordem sexuais. Hoje existem verdadeiras indústrias do prazer, como também
literaturas que ensinam e estimulam as mais diversas formas, redundando e
aberrações diversas. É a chamada sociedade hedonista, ou seja, do vale tudo
pelo prazer. Convém lembrar que os prazeres que a vida proporciona são uma
dádiva de Deus, desde que usados de forma natural e controlada.
Nesta mesma sequência, nós temos a busca desenfreada
pelo poder e pelo sucesso, objetivos que, quando não são conseguidos por meios
ilícitos, buscam-se através da intensa jornada de trabalho. Todas essas coisas,
a nossa sociedade tem transformado e deuses.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Já sabemos que o ídolo em si mesmo nada é no mundo (Is 44.9-17; 1 Co 8.4). São insensíveis, perecíveis, degradantes, impotentes e indignos de adoração. Todavia, o que a Bíblia deixa claro é que por trás de todo o sistema idolátrico estavam Satanás e seus demônios (Lv 17.7; 2 Cr 11.15), de sorte que todas as ofertas sacrificadas aos ídolos eram, na verdade, oferendas aos demônios. O Senhor Deus tem aversão à idolatria, por isso proibiu terminantemente qualquer envolvimento dos filhos de Israel com as festas das nações pagãs (Lv 261; Dt 7.25; Is 42.8). Eles não podiam, sequer, fazer uma imagem de quaisquer coisas dos céus ou da terra, ainda que com outros motivos (Ex 20.4). Porém, apesar de todas as advertências divinas, a história de Israel pré-cativeiro foi quase sempre uma história de idolatria (ver Dt 32.17; Co 10.7,8; Is 2.18).
Deus não divide sua glória com nada nem ninguém. Ele
exige exclusividade de seus adoradores. Por isso, lembremos da recomendação do
apóstolo João: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos”. É uma advertência que vale
para a igreja de todas as épocas, porque, apesar de as imagens dos antigos
ídolos terem sido superadas, e os seus cultos banidos, as paixões que inspiram
a idolatria continuam alojadas nos
corações humanos. Tenhamos cuidado, porque, como dizia Jung, os males do homem
primitivo continuam à espreita de todos nós, vivos e medonhos (...), somente a Palavra de Deus os mantém
refreados; se a Bíblia for negligenciada, os velhos horrores nos sobrevirão
novamente.*
*Apud Grahan, Billy. O desafio. São Paulo:
Record, 1969, p 123.
Bibliografia
Bíblia de Estudo pentecostal/ CPAD.
------------------ aplicação pessoal/ CPAD.
Bíblia de referência Thompson/ Vida.
GILBERTO, Antônio. Lições bíblicas – I Coríntios:
os problemas da igreja e suas soluções.
CPAD, 2º trim de 2009.
ANDRADE. Claudionor Correia de. Lições Bíblica: Não
terás outros deuses diante de mim. CPAD, 4º trimestre de 2000.
Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
2003.
Dicionário VINE. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
HENRY, Matthew. Comentário bíblico Novo Testamento.
Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
O Novo Dicionário da Bíblia. Editora Vida Nova, 1995.
KENNEDY. D. James. E se Jesus não tivesse nascido?
São Paulo: Vida, 2003.
SCOTT, Benjamim. As Catacumbas de Roma. Rio de
Janeiro: CPAD, 1982.
2 comentários:
Ótimo artigo!; Deus seja louvado!
Muito bom . Deus abençoe sempre
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