sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Respondendo às respostas da vida

"Orgulho, preconceito, intolerância, pavio curto...  essas coisas que nos impedem de descobrir o que há de melhor em nós,o que há melhor no outro, o que há de melhor na vida."   J. R. Lima.  

“De que maneira você responde às respostas que a vida te dá?” Comecei perguntando assim para aquela plateia curiosa. Percebi que quase ninguém entendeu. Reforcei que uma das grandes questões da vida é como reagimos, ou respondemos, às respostas que a vida concede às nossas buscas e expectativas. Notei que ainda havia gente boiando. “Há pessoas que respondem positivamente a uma resposta negativa. Outras respondem negativamente a uma resposta positiva. E ainda outros são negativos em todos os sentidos. (Não que as pessoas sejam determinantemente assim, elas podem mudar, tanto é que me propus pregar esta mensagem).

Ao perceber que não conseguiria ser entendido por meio de frases e conceitos, expliquei com dois casos extraídos da Bíblia. O primeiro é o caso de Naamã (2 Rs 5). Era um general do rei da Síria que, apesar de todas as suas condecorações, era leproso. Um dia disseram a ele que se fosse até a presença do profeta Eliseu, em Samaria, este o curaria de sua lepra. Prontamente Naamã se paramentou com tudo o que precisava para a viagem, inclusive com presentes caros para o profeta, e partiu. Estava disposto a qualquer sacrifício pela cura.

Estava ainda a uma distância considerável da casa de Eliseu, quando, sabendo  que Naamã estava vindo, o profeta mandou dizer-lhe que nem precisava chegar à sua casa, apenas fosse ao rio Jordão e mergulhasse sete vezes. “Nossa, não pensei que fosse tão fácil assim”, Naamã poderia ter pensado. Mas, pelo contrário, se encheu de furor, pois pensou que o profeta estava de brincadeira com ele e resmungou que lá na Síria tinha rios mais limpos que o Jordão. E começou a voltar para casa.

Pense comigo: a gente até entende a perplexidade de Naamã, não sou tão simplório a ponto de não entender, mas que o profeta facilitou muito a vida dele, disso a gente não pode discordar. Então, a sua perplexidade o levou a responder de maneira altamente negativa a uma resposta que parece ter sido positiva da parte do profeta.

        Neste mesmo caso aparece o servo de Naamã. Já de volta, decepcionado pelo caminho, o general leproso ouve o servo pedindo a oportunidade de falar-lhe. Concedida a oportunidade, disse-lhe: “Meu senhor, se o profeta tivesse pedido alguma coisa extremamente difícil, o senhor não faria para se ver livre desse mal?” Ao ouvir um sim de Naamã, o servo continuou: “Então, ele apenas ordenou que o senhor mergulhasse no Jordão sete vezes, custa tentar?” Ainda bem que Naamã ouviu o conselho. Voltou curado para casa.

Note que o servo de Naamã respondeu de forma altamente positiva à mesma resposta que o general respondeu de forma negativa. A retribuição foi a cura de seu senhor, além de algumas benesses que recebeu posteriormente, é claro.  

A esta altura, as pessoas já estavam entendendo. Continuei então. O segundo caso, narrado também na Bíblia, é o de Ana (1 Sm 1). O grande sonho de sua vida era ser mãe, mas era estéril. Em um dia de culto, desceu à igreja e começou, em grande amargura, a tão somente balbuciar uma oração, de maneira incompreensível. O sacerdote Eli aproximou-se e, interpretando-a mal, ordenou estupidamente que ela parasse de entrar no culto bêbada. “Estúpido, desviado”, xingariam alguns crentes. Bem que Eli merecia. Mas Ana respondeu: “Não, meu senhor, a tua serva não está bêbada, ela apenas está falando da angústia de sua alma perante o Senhor”.

Note a reação altamente positiva de Ana a uma atitude tão negativa, mortífera, do sacerdote. Ela viu agora a oportunidade não só de falar a Deus, mas também ao sacerdote, em um momento propício a causar forte comoção neste. Ainda bem que Eli corrigiu a tempo. Ele disse: “Vá em paz, e o Deus de Israel te conceda a petição”. Poucos dias depois, Ana apareceu grávida. A resposta altamente positiva de Ana a uma resposta altamente negativa do sacerdote eliciou neste último outra resposta altamente positiva.

Acho que a gente poderia construir com isso uma fórmula matemática para vida. Porque se a gente quiser, de falto, alcançar alguns objetivos que traçamos para vida, precisamos agora nos despir do orgulho, intolerância e pavio curto e ir com muita humildade e persistência ao objeto de nosso desejo.

O povo estava começando a gostar do assunto. Então repetimos: Uma das grandes questões da vida é como respondemos às respostas que a vida nos dá.


Os exemplos e personagens que apresentamos acima são apenas amadores, aspirantes, que abrem o show para o grande referencial no assunto tratado. Falo da mulher cananeia (Mt 15).  Aquela que tinha uma filha terrivelmente endemoniada e foi buscar Jesus.  Vou contar sobre ela em breve. 

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