No portuário do caos,
Há resquícios de esperança cansada,
Há vertigem de seres desbotados
E decantação de humanos inumanos.
No dissabor das trevas que a luz retarda
Olhos brilham assustados,
Porque nem tudo é perceptível a eles,
Mas no reflexo de uma janela vítrea
Versos rasgados
Poemas enxovalhados
Cartas relidas, rasuradas
Ilusões perdidas
Fé combalida
Flores murcham, inelutavelmente
A vida se definha
O estro arrefece
A razão aliena-se
Delira-se sórdida confiança
Verte-se sangue verde
E pagam-se tributo aos deuses,
Tributos escorchantes
A seres que não se importam
Em esclarecer nossas dúvidas
Eles apenas assistem, insuscetíveis,
Ao portuário do caos.
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