quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Dúvidas sobre o fim do mundo

Assisti certa vez uma versão do filme Sansão e Dalila, onde o verdadeiro herói não foi o poderoso Sansão, que derrubou, com sua estupenda força, o templo de Dagom e subjugou seus inimigos. O herói foi um filisteu que garantiu a continuação da semente de seu povo por meio de um conselho que deu ao seu jovem filho.

Na hora em que levaram Sansão para o Templo de Dagom, todos começaram a zombar dele, céticos quanto à possibilidade de aquele homem, agora cego e "sem forças", fazer-lhes algum mal. Quando Sansão pediu ao moço que o conduzia para que o levasse à coluna principal do prédio, os que o ouviram multiplicaram as vaias. Mas um homem, dos filisteus, chamou seu jovem filho e disse-lhe: "Quando Sansão chegar à coluna, esteja fora do templo,  e se ouvir ruídos, fuja para bem longe". O moço olhou o velho pai com olhar de dó, como que percebendo nele os primeiros sinais de caduquice, e perguntou: "O senhor acredita mesmo nesse boato ridículo de que um homem cego e agora sem forças pode derrubar sozinho este templo?" Ao que o pai respondeu: "Não, meu filho, não acredito, apenas tenho dúvida, e, na dúvida, prefiro que você fique fora do templo".

O filme acaba com a imagem de um jovem caminhando sozinho no deserto e uma voz de fundo dizendo: E assim a semente dos filisteus não foi extirpada da terra, porque entre eles havia um homem que duvidava.

Muitas pessoas, no decorrer da história,  têm preconizado um fim dramático para o nosso mundo, e alguns chegam mesmo a ousadia de estipularem datas para o evento, causando pavor em meia dúzia de crédulos -a última delas   para o dia 21/12/2002, com base em interpretação do calendário maia. Sinceramente não creio nessas previsões malucas, muito menos em datas estipuladas por "profetas do fim", mas, às vezes, só em pensar neste mundo sendo tragado por um cataclismo, me dá um gelo na barriga. Penso que esse frio na barriga é indicador de um filete de dúvida que persiste, apesar da absurdez da história. Logo, como aquele filisteu do filme, sempre achei que, na dúvida, é melhor colocar as barbas de molho. Quem sabe um dia a história relatará: "E assim a raça humana não pereceu, porque lá em São Paulo havia um homem que duvidava".

"Os tolos estão cheios de certeza. Os sábios estão cheios de dúvida." (não lembro bem quem foi que disse).

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