sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

TODAVIA HÁ AINDA UM RESQUÍCIO DE HUMANIDADE NOS HUMANOS

Hoje, enquanto ouvia as notícias acerca de tanta violência e crueldade no Brasil e no mundo, fiquei me perguntando se ainda vale a pena continuar acreditando neste projeto chamado humanidade que, segundo uma certa Declaração Universal dos Diretos Humanos, tem direitos que são inalienáveis, como o direito à vida, dignidade e igualdade. 
Não por acaso, enquanto refletia sobre o  ódio e a banalização da vida que acomete as sociedades humanas, estava lendo o célebre texto de Martin Luther King: 

Eu tenho um sonho. 

Eu tenho um sonho de que um dia, esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios: "Achamos que estas verdades são evidentes por elas mesmas, que todos os homens são criados iguais". 

Eu tenho um sonho de que, um dia, nas rubras colinas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos senhores de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade. 

Eu tenho um sonho de que, um dia, até mesmo o estado de Mississipi, um estado sufocado pelo calor da injustiça, será transformado num oásis de liberdade e justiça. 

Eu tenho um sonho de que meus quatro filhinhos, um dia, viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele e sim pelo conteúdo de seu caráter.

King pregou este sermão em uma ocasião quando combatia a segregação racial no sul dos Estados Unidos. Apesar da dura realidade e da vergonhosa segregação racial vigente naqueles dias, mais vergonhosa ainda pelo fato de aquela nação arrogar para si o título de uma nação fundamentalmente cristã e livre, ele não desistiu de continuar lutando e fazendo o que ele achava mais adequado para que a liberdade pudesse estrugir nos ouvidos negros daquela nação. Ele usa nada mais nada menos que a estratégia usada por Jesus e por Gandhi, da conscientização do algoz acerca de quão deletério é o preconceito, a partir do método da não violência. Esta técnica consiste numa auto-doação à fúria das feras a ponto de causar horror à própria fera.  Ele, no fundo, sabia que a própria humanidade, cega pelo ódio e preconceito, seria despertada e poria fim aquela mancha. E foi o que aconteceu. King apelou para um possível resquício de humanidade perdido no meio do cipoal de ódio, discriminação e preconceito do homem branco, porque ele sabia que este resquício humano, capaz de despertar um sentimento de vergonha e horror às própria ações é próprio da condição humana, assim como é próprio de sua condição adoecer pelo ódio quando sua cultura e ambiente favorecem este ódio. 

É exatamente isso que devemos fazer em nossos dias, ainda de tanto desrespeito ao direito, de tanta violência, discriminação e preconceito,continuar acreditando e lutando, disseminando o amor, altruísmo e respeito, o direito e os deveres, claro, sem desconsiderar as sanções da lei aos infratores quando necessário. É isso.


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