Sempre vi com alguma desconfiança esses intelectuais que opinam excessivamente sobre uma infinidade de assuntos e têm respostas e opiniões assertivas para todos os fenômenos, esses cujas opiniões não têm espaço para expressões como "eu não sei" ou "tenho dúvidas" ou "não falo porque não é da minha alçada".
Outro
dia, olhando esses vídeos virais da internet, em que pessoas bem conceituadas, intelectualmente
falando, opinam sobre tudo e todos. voltei a atenção para alguns professores
que têm uma opinião “segura” e fechada sobre todos os assuntos acerca dos quais
são questionados, assuntos que vão desde religião até politica nacional e
internacional, passando, entre uma coisa e outra, por refugiados, cracolândia,
corrupção, felicidade, amor, igrejas neo-pentecostais etc.
É impressionante o saber desses que a mídia chama de "professor". Tudo bem, não há como não se espantar com a capacidade de armazenamento de memória deles. Citam fatos e nomes históricos, recentes e distantes, fazem referências às teorias mais diversas, nos campos da filosofia, psicologia, sociologia, teologia e política como se estivessem lendo numa enciclopédia. Se você correr para o Google a fim de conferir a veracidade do que estão citando, vai encontrar tudo de acordo com o que disseram. Porém o que me causa espécie é o fato de que esses caras sabem opinar seguramente sobre tudo, o bem e o mal, com possibilidade zero de serem sequer questionados por seus interlocutores. Eles sabem se Dória acertou ou não com a invasão da cracolândia, se o presidente acertou ou não recorrendo ao exército para proteger o patrimônio público de manifestantes enraivecidos, se a decisão do juiz foi ou não acertada em relação ao réu, se Jesus era ou não o Filho de Deus, se a virgem Maria casou ou não virgem e se Maomé deixou ou não descendentes.
É impressionante o saber desses que a mídia chama de "professor". Tudo bem, não há como não se espantar com a capacidade de armazenamento de memória deles. Citam fatos e nomes históricos, recentes e distantes, fazem referências às teorias mais diversas, nos campos da filosofia, psicologia, sociologia, teologia e política como se estivessem lendo numa enciclopédia. Se você correr para o Google a fim de conferir a veracidade do que estão citando, vai encontrar tudo de acordo com o que disseram. Porém o que me causa espécie é o fato de que esses caras sabem opinar seguramente sobre tudo, o bem e o mal, com possibilidade zero de serem sequer questionados por seus interlocutores. Eles sabem se Dória acertou ou não com a invasão da cracolândia, se o presidente acertou ou não recorrendo ao exército para proteger o patrimônio público de manifestantes enraivecidos, se a decisão do juiz foi ou não acertada em relação ao réu, se Jesus era ou não o Filho de Deus, se a virgem Maria casou ou não virgem e se Maomé deixou ou não descendentes.
Meu
Deus, é possível saber de tudo o tempo todo com tanta certeza? Ou esses caras são iluminados e
estão alumiando multidões com a sua luz ou já perderam, de há muito, os limites
da vaidade humana, a ponto de não terem
mais bom senso para reconhecerem que, diante de alguns assuntos, melhor recorrer a
especialistas da área do que sair por aí falando sobre coisas que não conhecem só
porque a massa ignara aplaude. Entre uma coisa e outra, permito-me o benefício da dúvida.
Lembrei-me
do pastor Ezequiel, homem simples e sábio. Eu estava ministrando uma aula de
teologia uma vez, e ele era um dos meus alunos voluntários. Confesso que me
empolguei na aula. Falei de tudo que me veio à cabeça com convicção e
assertividade que a segurança do momento me permitiu. Respondi todas as perguntas que os alunos fizeram e não dei
margem para réplica. Senti-me senhor do saber.
No
final da aula, pastor Ezequiel se aproximou com o jeito que lhe é peculiar,
parabenizou-me pela aula e sussurrou-me que eu havia cometido apenas um erro na
ministração. E completou que o grande erro que um professor pode cometer é
achar que somente ele sabe das coisas, que toda a sua plateia é ignorante ou menos sapiente. Antes que eu
digerisse isso, ele emendou: “Cuidado, tem muita gente boa te ouvindo”. Santo remédio.
Bom,
é o que tenho pensado ultimamente ouvindo esses caras que têm resposta para
tudo.
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