Ultimante tenho me debruçado sobre alguns princípios da filosofia estoica. Acho que tenho me conduzido pela reflexão ocasionada por grandes perdas e revezes sofridos: lutas, luto,doença, perseguição, frustração etc. Gosto da compreensão estoica de mundo, apesar de nem sempre concordar com ela.
Entre os conceitos dessa filosofia, vejo com simpatia o princípio da Apatia: qualidade do homem justo e sábio de não resistir à vontade do Logos, princípio divino que a tudo determina com justiça e perfeição absoluta. Para os estoicos, o mundo é ordenado com perfeição, de maneira que todas as coisas acabam contribuindo para um propósito final. Dessa forma, considera-se que, numa perspectiva cósmica, o mal, em absoluto, não existe. Não, não estou dizendo que concordo com qualquer determinismo na ordem do mundo e nas ações humanas, nem que não existe o mal, isso tiraria de nós a responsabilidade por nossos atos. Apenas pego carona em parte do pensamento estoico para dizer que não dá para julgar, de imediato, se qualquer coisa que acontece pode ser reputado como um grande bem ou um grande mal.
Numa perspectiva cósmica ou mesmo eterna, que circunstâncias poderiam ser reputadas como um bem ou um mal para nós? A gente não sabe. Por isso os estoicos nos orientam a que procuremos não sofrer tanto com as circunstâncias. Ou seja: conservar ceta apatia em relação aos acontecimentos. A orientação está de acordo com a declaração tranquilizadora de Jesus que diz: "O que faço, vocês não intendem agora, mas entenderão depois". Aliás, as recomendações bíblicas, principalmente neotestamentárias, vão nesse sentido, às quais também tenho recorrido. Retomando as palavras de Jesus, esse "depois", quanto tempo leva? Não sabemos.
Numa perspectiva cósmica ou mesmo eterna, que circunstâncias poderiam ser reputadas como um bem ou um mal para nós? A gente não sabe. Por isso os estoicos nos orientam a que procuremos não sofrer tanto com as circunstâncias. Ou seja: conservar ceta apatia em relação aos acontecimentos. A orientação está de acordo com a declaração tranquilizadora de Jesus que diz: "O que faço, vocês não intendem agora, mas entenderão depois". Aliás, as recomendações bíblicas, principalmente neotestamentárias, vão nesse sentido, às quais também tenho recorrido. Retomando as palavras de Jesus, esse "depois", quanto tempo leva? Não sabemos.
Lendo a história de José do Egito, o hebreu que foi cruelmente vendido como escravo pelos irmãos, por causa da predileção que Jacó, o pai, tinha por ele, uma verdade me saltou das páginas. Vi que o amor e cuidado exagerados de Jacó por José (um suposto grande bem) podiam lhe oferecer uma túnica de várias cores e uma posição de liderança em casa. A
inveja dos irmãos ( suposto grande mal) lhe conduziu ao trono do Egito. Cara, a vida é muito louca.
Não estou justificando as ações malévolas de seus irmãos nem jogando no
demérito o amor de seu pai, só estou dizendo para a gente sofrer menos querendo
compreender essas coisas que acontecem. Temos uma tendência a julgar precipitadamente as
peripécias da vida.
Lembro-me de um paciente que me contava as peripécias da vida com muita graça e sabedoria, apesar de eu saber que havia sofrimento. Um dia, lhe propus que a vida era um livro com capítulos ruins e bons e fiz a seguinte pergunta: "Quando você está lendo o livro de sua vida, em que capítulos você costuma empacar, nos capítulos ruins ou nos bons?" Ele deu um meio sorriso e respondeu: "Josafá, ruim é café com sal, coisa que não tem nenhum proveito. Agora no tocante ao que me acontece, não tem como eu definir se é um bem ou um mal". Antes que eu pensasse, ele completou: "O capítulo final do livro ainda não foi escrito".
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