quinta-feira, 19 de abril de 2012

A Arte de Pregar

Resenha

O livro A arte de pregar é de autoria do pastor Robson Moura Marinho e foi publicado em 1999 pela editora Mundo Cristão. Livro voltado para o ramo da homilética, tem como público-alvo pregadores e ensinadores da Palavra de Deus.

Robson Monteiro, através de sua vasta experiência no campo da comunicação e pregação, apresenta técnicas importantes para uma comunicação com eficiência e sugere passos importantes para a elaboração de sermões. É uma verdadeira caminhada com o leitor por entre os meandros da pregação, com o fim de auxiliá-lo na tarefa difícil de elaborar e pregar uma mensagem bíblica, e se destina tanto para pregadores iniciantes como para os mais experientes.

O livro está dividido em três partes, dentro das quais se distribuem 17 capítulos, acrescidos de um apêndice. Na primeira seção, de apenas dois capítulos, o autor faz comentários sobre o que ele chama de o milagre da pregação, que consiste no fato de Deus, um ser perfeito, usar o homem, imperfeito, com o propósito de comunicar a sua mensagem. O leitor é advertido de que as técnicas apresentadas são comprovadas e aprovadas pela experiência, mas que não são suficientes para fazer de alguém um exímio pregador: “é imprescindível a unção do Espírito Santo”, afirma. Essa afirmação está embasada na experiência de homens como Moisés e Isaías que, num primeiro momento se sentiram incapazes de apregoar a mensagem divina, apesar de serem homens altamente letrados. Ao final do primeiro capítulo acha-se um comentário apaixonado sobre o poder miraculoso das palavras e sobre a importância de o comunicador manejá-las bem.

Em um segundo momento, como uma estratégia para realçar o valor do estudo da homilética, o autor, numa linguagem bem humorada, discrimina alguns tipos de sermão, os quais, segundo ele mesmo, servem apenas para atrapalhar o culto, referindo-se a alguns deles como “sermão sedativo”, “sermão insípido”, “sermão óbvio”, “sermão indiscreto”, etc., cada um deles acompanhado de sua devida conceituação e explanação.

A segunda seção é iniciada com uma diferenciação entre oratória sacra e oratória secular. O autor aborda o surgimento de ambas as modalidades, remontando aos antigos filósofos e oradores gregos, passando por Cícero, em Roma, pelos cristãos primitivos, pelos reformadores e avivadores de séculos recentes e chegando até os nossos dias. É apresentada uma classificação geral da oratória (acadêmica, forense, política, sagrada e popular) com seus elementos (eficiência, retórica e eloqüência). O autor contrasta a fase antiga da oratória, em que ser um bom orador significava falar bonito e com frases enfeitadas, com a fase atual, quando o mais importante não é o volume ou o enfeite, mas o conteúdo e a forma.

A partir do capítulo 5, o foco se volta para a própria pessoa do pregador. Primeiramente são apresentadas as qualidades indispensáveis ao bom orador, como entusiasmo, determinação, inspiração, sensibilidade, imaginação e criatividade; qualidades que, todavia, não imuniza o pregador contra o espectro do medo. O autor observa que é natural sentir medo e, se bem canalizado, o medo pode ser um forte aliado e dá dicas importantes sobre como lidar com este sentimento que tem levado muitos comunicadores à frustração. Orientações como “lembre-se de que você não é o único”, “aproveite seu medo” “mantenha pensamentos positivos”, etc. antecedem uma explicação sobre a psicologia do medo, com destaque para a Janela de Johari, que consiste numa janela com quatro vidraças, cada uma com um rótulo identificador, indicando a maneira pela qual as pessoas administram a personalidade perante os outros.

Ainda focado na pessoa do pregador, Robson ressalta a importância da auto-imagem do mesmo, alertando que nos trinta minutos de sermão, tudo o que acontece no púlpito influi na comunicação da mensagem, sendo, portanto, de vital importância o cuidado com a expressão corporal, a respiração, a entonação da voz, o olhar e a expressão fisionômica.

A partir do capítulo 7, o foco é o sermão propriamente dito. Numa linguagem bem-humorada, Robson orienta a evitar aquele sermão comumente conhecido como “salada de frutas”. Para isso, nada mais acertado do que orientá-lo na forma correta de esboçar um sermão, valendo-se, sobretudo, de exemplos práticos. Ele delineia os passos gradativos para o esboço e apresenta um estudo minucioso sobre cada uma de suas partes componentes: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Nos capítulos 10, 11 e 12, os quais encerram a segunda parte do livro, são apresentadas dicas sobre como pregar o que interessa, com estilo e recursos interessantes. Essas orientações pretendem ser um antídoto contra sermões desinteressantes que, na visão do autor, produzem apenas ouvintes desinteressados. São orientações práticas como “conheça seu objetivo”, “conheça seus ouvintes” e “conheça profundamente o assunto pregado”.

Na última seção, o autor ressalta a importância da Bíblia Sagrada como fonte insubstituível da pregação. Para isso, ele apresenta uma visão panorâmica da Palavra de Deus através dos tempos, desde os dias dos antigos hebreus, passando pelo Novo Testamento, pelos pais apostólicos, reformadores, até os grandes pregadores de séculos recentes.

Por fim, o autor se debruça sobre os tipos de sermão: temático, expositivo e textual, orientando na organização e apresentação de cada modalidade e assinalando as vantagens e desvantagens atinentes a cada um deles. Esta seção finaliza com sugestão para que o pregador aplique o sermão no dia-a-dia das pessoas, com a apresentação de passos necessários para uma boa aplicação.

A Arte de pregar é um excelente recurso para pregadores, pastores e ministros em geral, principalmente nestes tempos em que tanto se tem pregado, porém com tão pouca eficiência. Ouvi alguém dizer que o sermão ideal deve ser como minissaia, justo, curto e provocante. Neste livro, de forma bem-humorada, clara e descomplicada, Robson Marinho delineia o caminho para se conseguir tal objetivo, e o melhor: com base na sua vasta experiência no assunto.

Já li alguns livros sobre homilética e confesso que boa parte deles consistia em definições longas e complicadas, desprovida de praticidade. Porém em A arte de pregar, o escritor vai direto ao assunto, valendo-se de exemplos preciosos colhidos dentro de sua própria experiência. Assim, ele consegue despertar nos leitores o prazer pela pregação de qualidade, como também inspirar naqueles que já estão há algum tempo envolvidos neste ministério o desejo de se esmerarem no ministério da pregação.

Já li duas vezes A arte de pregar e indico a todos os que realmente têm interesse pelo sermão de qualidade. Ao ler este livro, o leitor ampliará o seu deleite pela pregação e será motivado a pôr em práticas preciosos ensinamentos de quem entende muito bem do assunto.

Robson Moura Marinho é mestre em Teologia e pós-graduado em Psicologia Organizacional pela Faculdade Brasileira de Recursos humanos; doutor em Filosofia nas áreas de Comunicação e Educação pela Andrews Universit, Michigan; foi editor da Casa Publicadora Brasileira e já escreveu vários textos para programas evangelísticos pela TV. Como educador, foi diretor de escola de ensino fundamental e professor universitário de Oratória e Homilética, entre outras disciplinas. Já pastorou muitas igrejas no Brasil.



























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